Florêncio
Terra nasceu na Horta, ilha do Faial, a 18 de Maio de 1858, filho do conhecido
capitão da marinha mercante Florêncio José Terra Brum e de Maria dos Anjos da
Silva Mariz Sarmento. Pelo lado paterno pertencia à família do barão de Alagoa,
uma das mais distintas e influentes do seu tempo.
Frequentou
com distinção o Liceu da Horta, aí começando, em 14 de Outubro de 1888, a reger
interinamente a cadeira de Introdução à História Natural.
Pretendendo
seguir a carreira do magistério liceal, prestou, de seguida, brilhantes provas
em Lisboa, ficando aprovado. Foi nomeado a 8 de Novembro de 1896 professor
vitalício, iniciando uma carreira que manteria toda a vida. Ensinou Matemática
e Ciências Naturais.
Exerceu em
duas ocasiões (1907-1911 e 1928-1929) o cargo de reitor do Liceu da Horta
(Liceu Manuel de Arriaga), distinguindo-se como professor e administrador.
Para além da
sua actividade como professor liceal, exerceu diversos cargos públicos na
administração distrital e local, entre os quais os de vereador e vice-presidente
da Câmara.
Foi sócio
fundador do Grémio Literário Artista Faialense em 1874.
Como
jornalista, dirigiu, com Luís Barcelos, o semanário literário A Pátria (que iniciou
publicação a 13 de Dezembro de 1876) e, com Manuel Zerbone, o semanário
literário intitulado Biscuit (iniciou publicação a 5 de Julho de 1878). A sua
maior actividade como jornalista exerceu-a no diário O Açoreano (na 2.ª série,
iniciada a 1 de Março de 1895) e no semanário literário e noticioso O
Faialense, cuja 2.ª série iniciou a 5 de Novembro de 1901, de parceria com
Marcelino Lima e Rodrigo Guerra.
Assinava os
seus artigos e contos usando, geralmente, os pseudónimos de
"Ri…Cardo", "X", "XXX", "Y",
"Máscara Verde", "Nemo", "Zague" e
"Ignotus".
Cedo revelou
dotes de contista. Em 1897, na colectânea Seara Alheia, organizada por Alfredo
Mesquita, figura o seu conto A Debulha, a par de contos de Fialho de Almeida,
Trindade Coelho, Ficalho, Abel Botelho e alguns mais.
Outros
contos de Florêncio Terra foram publicados em vida do autor, dispersamente, por
jornas e revistas portuguesas. Mas a maior parte ficou inédita.
Florêncio Terra |
No género
romance salientam-se O Enjeitado, Vingança da Noviça e As Duas Primas
(incompleto), os dois últimos escritos, sob o pseudónimo "Zigue e Zague",
em co-autoria com Zerbone.
Postumamente,
em 1942, com prefácio de Osório Goulart, foi editado o 1.º volume de Contos e
Narrativas, sendo depositária a Parceria António Maria Pereira. Destes se faz
uma apreciação crítica na História Ilustrada das Grandes Literaturas
(Literatura Portuguesa, vol. II), por Óscar Lopes.
Em 1949,
saiu a lume na Horta um pequeno livro de 47 páginas, Natal Açoreano: cinco
contos, entre eles Corações Simples, já incluído em Contos e Narrativas.
A par de
Nunes da Rosa, Florêncio Terra é um escritor açoriano digno de ser conhecido
não apenas localmente, mas no plano da literatura lusófona.
Faleceu na
cidade da Horta a 25 de Novembro de 1941, deixando inédita boa parte da sua
produção literária.
A 30 de
Abril de 1958, a Câmara Municipal da Horta, por proposta do presidente Dr.
Sebastião Goulart, deliberou que fosse colocada uma lápide na sepultura de
Florêncio Terra e dado o seu nome ao Jardim Público da cidade.
A 21 de
Novembro de 1987, a mesma Câmara, então presidida por Herberto Dart, voltou a
homenagear Florêncio Terra, mandando cunhar uma medalha evocativa e colocar uma
fotografia sua no Salão Nobre dos Paços do Concelho.
Fonte: http://www.florencioterra.com/FT1.htm
Patrícia Machado
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