Desde o princípio do
povoamento, segundo os registos históricos se trabalha em cestaria nos Açores.
São aplicadas técnicas antiquíssimas às várias matérias-primas disponíveis (em
especial o vime), os homens responsáveis por esta arte de trabalhar o vime (os
cesteiros) criam uma variedade grande de formas, para uso quer nos trabalhos
agrícolas, quer nas atividades relacionadas com o mar, quer ainda para uso doméstico.
São autênticas obras de arte que nos servem e muito, são sinónimo da paciência
e necessidade de outros tempos, obras de perfeita execução, como evidenciam por
exemplo, os balaios da ilha do Faial. De raiz muito antiga, estes cestos são
construídos a partir de pequenos molhos de palha, firmemente amarrados e
armados em espiral, abrindo-se em graciosa taça. A harmonia de formas de toda a
cestaria açoriana permite usá-la igualmente, como elemento decorativo de
belíssimo efeito.
Arte de trabalhar em
Vime…
Na ilha do Pico, podemos
ainda ver a produção de cestos em vime, na freguesia de Santo Amaro, com o
artesão Manuel Morais e sua esposa. É
importante realçar que o processo de tratamento do vime até chegar às mãos dos
artesões, é demorado e trabalhoso, sendo necessária a força de braços de
agricultores na fase da poda, este processo é feito no início do ano e pode
levar cerca de 3 a 4 meses.
O vime pode ter 2 tipos
de tratamentos, consoante o que vimeiro quiser confecionar: o cozido ou cru. O vime cozido, o seu
tratamento começa com a retirada de pequenas ramificações da planta, de seguida
é levado para o caldeiro, selecionados consoante o tamanho e armado com laços,
fazendo molhos. Cozem em águas com elevadas temperaturas em grandes caldeiros e
abafados para a água não evaporar. Após este processo são descascados, esta é
normalmente uma tarefa feminina.
A fase final deste
processo de tratamento dos vimes é a secagem, são colocados ao sol para secar
durante cerca de 2 a 3 dias, depois de secos são amarrados em grandes molhos e
separados novamente por tamanhos.
O vime cru é usado ao
natural, depois de podado é igualmente selecionado por tamanhos e a seguir
colocado a secar durante um a dois meses, é um processo normalmente feito pelo
artesão, a maioria coloca os vimes num poço deixando curtir cerca de um mês. No
início do verão, o vime é retirado, descascado, ou não, e trabalhado, nas
24horas anteriores é colocado de molho, para estar húmido, para não secar.
Posteriormente a estes
processos, longos e cansativos, os vimes estão prontos para que o artesão
Manuel Morais e sua esposa iniciem a produção de objetos, que ainda se vão
vendendo, tais como os açafates, cestos vindimos e pequenos cestos de duas
asas.
Manuel Morais é
atualmente o único vimeiro em atividade na ilha do Pico, mantém um humilde
museu do vime em sua casa. Manuel Morais e sua esposa temem que esta atividade
pode estar a chegar ao fim na ilha do Pico.
Portanto é nosso dever
divulgar este trabalho, e informar a quem estiver interessado em comprar um
cesto, onde poderá encontrar cestos
de qualidade, e que ao comprar o que
é nosso estamos todos a ganhar!
O Município de São Roque
do Pico para prestar algum apoio a esta atividade colocou alguns exemplares
deste trabalho em exposição e venda no Centro Multimédia de São Roque do Pico,
com intuito de ajudar na divulgação trazendo assim alguns trabalhos para o
centro da Vila de S.Roque, visto que este espaço alberga também o Quiosque de
Turismo da ART.
Artesanato dos Vimes (particular)Manuel Morais
Rua Amaro Justino Gomes n.º 18 Terra Alta - Santo Amaro 9940
São Roque do Pico
Contacto: 292 655 468
Horário de funcionamento:
Todos os dias só precisa ligar com antecedência
*Entrada gratuita
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