A Lagoa do Congro fica situada no centro
da ilha de São Miguel, a poucos quilómetros do concelho de Vila Franca do
Campo. Embora de menores dimensões que as restantes lagoas da maior ilha
açoriana, merece uma atenta visita. De aspecto soturno, reflectindo um verde
muito escuro - transmitido pelas rochas alcantiladas dos montes envolventes -,
contrasta com a vizinha Lagoa dos Nenúfares, cuja superfície é, quase na
totalidade, coberta por flores.
Esta lagoa ocupa uma cratera de explosão do tipo
"maar", situada numa das mais activas falhas
geológicas da ilha de São Miguel. A particularidade desta cratera de explosão
formada há cerca de 3.900 anos reside no facto de ter origem em explosões
freatomagmaticas em que houve contacto do magma em ascensão com níveis
freáticos existentes nas formações subjacentes. Devido à sua génese a lagoa do
congro apresenta características que a distinguem da maioria das lagoas da ilha
de S.Miguel. A sua principal característica é a de estar encaixada na região
circundante, relativamente plana, sob a forma de um grande buraco aberto na
zona envolvente, ao contrário de ocupar o topo de um cone vulcânico bem
definido.
A fauna ictiologica desta lagoa tem variado ao
longo da história. Barrois, em 1986, registou a presença de peixes vermelhos
(Carassius auratus). Em 1890, José Maria Raposo de Amaral introduziu carpas
(Cyprinus carpio e Cyprinus specularis) e, em 1941, a junta geral procedeu à
introdução de truta arco-íris (Salmo irideus). Actualmente, estão referenciadas
duas espécies – Cyprinus sp. e Perca fluviatilis (perca do rio). Em 1873,
Fouqué, na sua obra, “Voyages Géologiques aux Açores”, descreveu os terrenos
circundantes da lagoa, de matas de criptomerias, pinheiros marítimos,
eucaliptos e acácias, mandadas plantar por José do Canto, seu proprietário, que
ajardinou também a parte sul da propriedade e construiu uma casa de campo.
Nos dias de hoje, embora ainda possam ser
observadas espécies da vegetação natural dos Açores tais como Laurus azorica
(louro), Juniperus brevifolia (cedro-do-mato), Lysimachia azorica, Osmunda
regalis (feto real) e woodwardia radicans, predominam as espécies exóticas:
criptomerias, hortênsias, azáleas, eucaliptos, incensos, conteiras, etc. É de
realçar a presença de uma espécie endémica da madeira – o til (Ocotea foetens).
Dado que esta zona é densamente florestada, é frequente observarem-se diversas
espécies de aves, das quais se destacam: a estrelinha (Regulus regulus
azoricus), o milhafre (Buteo buteo rothschildi), a alvéola ( Motacila cinérea)
e o pombo torcaz (Columba palumbus azorica).
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