Os Peixes do Guardião



De uma vez estavam os frades comendo no refeitório e coube a um deles um peixe muito pequenino. Este então reparou e viu que no prato do guardião estava um muito grande e que comia à boca cheia. O frade era ladino e para se vingar do jejum a que o obrigavam abaixou a cabeça sobre o seu peixinho que tinha no prato e começou a nomear, como quem estava a conversar em segredo. O guardião reparou nisto e pergunta de lá da cabeceira da mesa:
                -Ó irmão, Frei Fulano, então o que é isto que está fazendo?
                -Reverendo padre mestre, estava perguntando a este peixinho se alguma vez teria encontrado meu pai que morreu afogado no mar. Mas este respondeu-me que como é muito pequenino não soube disso e quem o poderá saber é o peixe que está no prato de vossa reverência que é muito grande e pode bem dar fé de tudo.

Vocabulário:
Nomear – faze monos ou momices; mimicar
[Ilha de S. Miguel]

Fonte:” Contos Tradicionais Açorianos” – Anabela Mimoso


Ana Cabrita

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