
Raul Brandão chamou-lhe 'A Ilha Branca'. Como viajante digo que tem um verde diferente das outras oito que com ela formam o arquipélago dos Açores. É tenra, mansa, repousante e simultaneamente desafiante. Esconde segredos como a lenda da Maria Encantada e um vulcão florestado a meio do século passado que nos transporta para uma dimensão sulfurosa e mágica. Obrigatória para projetos de férias de natureza.
GRACIOSA Deve
o nome aos colonizadores que assim a batizaram por ser bela e harmoniosa

As notas
dessa viagem estão publicadas em "As Ilhas Desconhecidas". Contam-nos
que "todas as ilhas têm uma nuvem sua, uma nuvem própria, independente das
outras nuvens e do céu, e com uma vida à parte no universo."
SANTA CRUZ

Santa Cruz
com os seus monumentais reservatórios de água conta a história da secura nos
magníficos jardins da praça principal desta vila recheada de casas senhoriais.
A praça é tranquila. Assemelha-se a uma pequena vila alentejana no silêncio;
quebrado pelo ruído do mar!
Em Santa
Cruz, verdadeira capital administrativa da ilha, é obrigatório ver o Museu e a
Igreja Matriz. Na verdade, vale a pena entrar em todas as igrejas e quem tiver
boas pernas deve subir ao Monte de Ajuda.
A TERRA DOS MOINHOS E DAS
QUEIJADAS

Nos tempos
que correm as queijadas talvez sejam o produto mais exportado da Graciosa. Mas
o ícone mais famoso será sempre o Ilhéu da Praia, defronte da vila, expoente
máximo do título de Reserva da Biosfera da Unesco que a ilha (juntamente com o
Corvo) conquistou em 2007. Este ilhéu é um paraíso para observadores de aves
que terão de tentar contactar os responsáveis locais pelo ambiente ou as
agências de viagem locais para lá chegar. Não é fácil, os graciosenses ainda
não se aprimoraram na arte de organizar estes passeios para visitantes.
A CAMINHO DA FURNA DA MARIA
ENCANTADA

O plano de
arborização foi feito em meados do século passado para contrariar a erosão e a
secura. Até aí o interior da caldeira era inóspito. Nada a ver com o ambiente
que quase transporta a imaginação do visitante para um bosque dos Alpes Suiço,
inundado por espécies exóticas como a Camellia japonica ou a Cryptomeria
japonica que tão bem se adaptaram aos Açores.
O interior
da caldeira é acessível de carro pela base do vulcão. Atravessa-se o túnel e
entra-se noutra dimensão.

"O
chão da Furna do Enxofre, parcialmente coberto por blocos caídos do teto, é
inclinado para sudeste e termina num lago de água fria que ocupa a parte mais
funda da estrutura", indica a informação do parque.
"As
características peculiares da Furna do Enxofre tornam-na num dos pontos
turísticos de maior interesse não só da ilha Graciosa, mas de todo o
arquipélago dos Açores". Longe vão os tempos em que o príncipe Alberto do
Mónaco (que visitou várias ilhas dos Açores no século XIX) foi obrigado a
descer por cordas para conhecer a furna e "entrar na conduta principal, ou
chaminé, de um vulcão activo" como se lê na informação do parque.
A BANHOS NO CARAPACHO
Há um veio
da água sulfurosa da furna que quer caminhar para o mar e desemboca nas
piscinas até há pouco naturais do Carapacho, hoje um pouco acimentadas pelo
homem. Na Graciosa quase que não existem praias de areia e as piscinas
completamente naturais ou um pouco artificializadas são a melhor maneira de ir
a banhos.
No
Carapacho há uma piscina onde a água do mar se mistura com a água que vem da
furna; os locais acreditam nas propriedades terapêuticas da sua água tépida.
Imediatamente atrás, num velho balneário termal restaurado, funcionam as
termas/spa do Carapacho onde se pode descer aos aquíferos subterrâneos que
outrora abasteciam as termas, obrigando um conjunto de trabalhadores a trabalho
braçal para o transporte.
As termas
do Carapacho funcionam todo o ano e são um local aprazível para hidromassagens
e duches vichy. A cheirar a enxofre mas o enxofre cura maleitas de várias
espécies.
Texto e imagens adaptado: http://expresso.sapo.pt/todas-as-ilhas-tem-a-sua-nuvem=f917381
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