Fernando Goulart, músico e produtor musical, natural da freguesia da Calheta de Nesquim, ilha do Pico, no âmbito das celebrações dos seus 40 anos de actividade musical lançou o seu segundo trabalho discográfico intitulado "Horizonte de Mar".
Segundo Fernando Goulart a sua ligação com a música começa com o canto das cagarras, com o barulho do mar, num lugar à beirinha da costa chamado Calheta de Nesquim, passando pela Filarmónica Lira Fraternal Calhetense, por diversos conjuntos, e por um gosto enorme por estas coisas, pelo folclore…enfim, por tudo o que tenha a ver com música. "Se me tirarem a música tiram-me a vida".
A escola onde aprendeu música era uma espécie de latoaria que funcionava, como tal, durante o dia e à noite era onde a miudagem ia aprender música. Foi uma passagem rápida, onde aprendeu o compasso binário, o compasso ternário, até que um dia lhe meteram uma trompa na mão e disseram para ir para a casa do ensaio que tinha de sair a tocar pelo Espírito Santo, quando estavam a dois meses das festas.
Fernando identifica-se como músico e produtor, funcionando das duas formas. "Não sou cantor, mas apareço a cantar neste trabalho, porque tinha estes temas na gaveta e decidi juntá-los num disco para fazer uma comemoração." Quanto à inspiração que dá asas à composição das suas próprias letras e músicas responde que "Depende. Num determinado momento pode ser um acorde, noutro uma frase para simplesmente começar um trabalho. Depois, para além da inspiração há também a transpiração, ou seja, à que trabalhar aquilo que se conseguiu para chegar a um produto final.
Sem dúvida a insularidade é uma barreira à projecção de artistas e de produtores açorianos , porque há muito boa gente a fazer trabalhos que depois ficam por aqui, esbarrando precisamente nesse problema chamado insularidade. Nós não temos como ultrapassar essa barreira e sem que haja vontade do poder político para projectar e valorizar aquilo que temos, como é o caso do nosso folclore, da nossa música popular, torna-se muito mais difícil."
A atribuição do título "Horizonte de Mar" ao seu mais recente trabalho deveu-se "primeiro ao facto dessa canção, escrita em 1983, ter sido apresentada no álbum da RDP-Açores de 1990 "Na Rota das Ilhas", gravada ainda em vinil, tendo sido uma canção que durante bastante tempo passou na rádio. Depois, para quem conhece a Calheta de um lado tinha a ponta da Feteira, do outro o Morrocão, para trás ficava o cabeço do Silvado e um mar imenso à minha frente porque o meu horizonte era esse “Horizonte de Mar”, que é a imagem da capa do CD."
Este CD é um projecto bastante diversificado, como explica o autor “encontramos de tudo um pouco, desde baladas a coisas que têm muito a ver com as nossas raízes populares, com sabor a chamarrita, a algumas coisas que vão por outras linhas, com sabor do Brasil ou country, ou um certo cheirinho de rock. É diversificado ao nível do tipo de músicas mas a temática das letras é sempre as ilhas, as gentes, as nossas vivências e as nossas raízes”.
"Horizonte de Mar" é mais uma das muitas e boas produções musicais feitas nos Açores, reflectindo uma identidade insular, reflexo das vivências, das gentes, dos costumes, das ilhas de Bruma e do basalto negro que nos corre nas veias.
Parabéns a Fernando Goulart pelo seu mais recente trabalho discográfico "Horizonte de Mar" e pelo seu contributo para com a música açoriana, cultura de um povo!
Cátia Goulart
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